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Estatais do setor de petróleo têm modelos que obedecem características de cada país

12/06/2018 | Jornal do Brasil

A entrada do Brasil no elenco dos protagonistas mundiais do petróleo com a descoberta do pré-sal trouxe à tona o debate entre especialistas sobre qual o regime que a Petrobras, uma empresa de capital misto, cujo acionista majoritário é o Estado, deveria adotar na gestão dos recursos e no planejamento estratégico. 

A discussão entre os que defendem o compromisso estratégico da empresa com o bem estar da população encontra a oposição dos que advogam a favor dos acionistas, para eles o foco primordial da companhia. Esse debate veio à tona com mais força recentemente, na questão relativa a política de preços da empresa, ao praticar os reajustes de combustível de acordo com os preços do petróleo no mercado internacional. 

Quem defende que a Petrobras adote como modelo a gestão de outras estatais de projeção no mercado global precisa entender que, no tocante a produção, consumo interno e excedentes a exportar, fica difícil adotar um padrão estabelecido e simplesmente transportar para a realidade brasileira. 

É o caso da norueguesa Statoil que, desde o dia 16 de maio, passou a se chamar Equinor para indicar  compromisso com o desenvolvimento de fontes energéticas renováveis. Nas próximas décadas, porém, é improvável que a produção de petróleo deixe de ser o principal ativo da companhia. 

A empresa produz cerca de 2,1 milhões de barris dia de petróleo. Como a Noruega é um país de população pequena, 5,3 milhões, menos que o município do Rio de Janeiro, (6,5 milhões), a capacidade de refino das duas refinarias da Equinor é de apenas 334 mil barris/dia. Se o Comperj encontrar quem toque sua refinaria de 330 mil barris em duas etapas de 165 mil cada, seria quase igual à Equinor (o projeto original de uma central petroquímica foi trocado após a crise mundial de 2008 derrubar os preços do petróleo de US$ 147 para US$ 50 e agora flutua na faixa de US$ 75). O segredo da Statoil/Equinor foi produzir petróleo a baixo custo e comercializar com alta margem de lucro, sem se preocupar com altos investimentos em refino e petroquímica. 

No auge da produção do Mar do Norte, sem grande mercado interno para suprir, a estratégia da Statoil foi sair pelo mundo vendendo óleo bruto (Brent). Quando as reservas da região começaram a rarear, a empresa expadiu operação em áreas de petróleo da Ásia e África, em plataformas que já operavam a meia bomba. Por isso, o Brasil, na Bacia de Campos e depois na Bacia de Santos, cujos atrativos foram amplificados com a descoberta da camada do pré-sal, em 2006, atraiu o interesse dos noruegueses. 

Os noruegueses pretendem operar na costa brasileira, no mínimo, pelo próximos 50 anos. A costa brasileira é a grande alternativa ao declínio da produção na costa da Noruega, no Mar do Norte. “Estamos casa dos com o Brasil”, definiu Anders Opedal, presidente da subsidiária brasileira ao fim da 4ª rodada de licitações do pré-sal, realizado na última quinta-feira. 

No leilão, os noruegueses foram os mais agressivos, superando gigantes privadas como a ExxonMobil e a Shell. A Equinor Desembolsou R$ 842 milhões em bônus de assinatura e garantiu presença nos consórcios que arremataram os dois campos mais promissores: Uirapuru, onde terá 28% de participação, e Dois Irmãos, onde detém 25%. 

Para as aquisições do pré-sal, a empresa ainda está na fase de exploração, ainda que já tenha conseguido licenças ambientais para a perfuração de pelo menos sete poços em Carcará. Em muitos casos, solicita as autorizações antes mesmo de amadurecer as pesquisas, o que indica a intenção de começar a produzir no curto prazo. Hoje, no Brasil, a empresa só extrai óleo do campo de Peregrino, na Bacia de Campos. São 78 mil barris por dia, a maior produção fora da Noruega. A empresa, que tem apenas 20 mil funcionários (a Petrobras tem 80 mil) produz em campos espalhados em mais de dez países e têm negócios diversificados em outros 30. 

Sonangol 

A Sonangol, estatal da Angola, que tem pouco mais de 24 milhões de habitantes que hoje rivaliza com a Nigéria na produção diária de petróleo (1.640 mil barris/ dia, contra 1.530 mil barris/dia) tem apenas uma pequena refinaria em Luanda que obriga o país a trocar petróleo bruto por combustíveis. As importações de combustíveis superam os US$ 250 milhões anuais. Mas o país hesita em investir em uma refinaria no momento em que há capacidade ociosa nas refinarias do mundo.

Pemex 

Com uma população ainda inferior à brasileira (127,5 milhões), hoje o caso do México, com a estatal Pemex, se aproxima mais da Petrobras. Ambas estão voltadas ao fornecimento interno e têm produção de derivados equivalentes. As seis refinarias da estatal mexicana produzem 1,64 milhão de barris de derivados. A Petrobras entregou, no primeiro trimestre, 1,67 milhão de barris de combustíveis. Embora tenha uma capacidade de refino superior, em suas 15 refinarias, a estatal brasileira opera com apenas 68,2% de sua capacidade em função da menor demanda, consequência da estagnação econômica, e de um plano de negócios que privilegia atividades de exploração em detrimento do parque de refino. Além da preocupação com o refino para um mega-mercado, os mexicanos se preocupam, desde 2013, com a concorrência na produção. Assim como no Brasil, o mercado é aberto e a estatal tem vantagens, mas disputa  com empresas privadas em leilões esporádicos.

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